"Reestruturação da TAP foi a maior realização"

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Fernando Pinto chegou à TAP em 2000 e, na altura, não foi bem recebido. Para muitos dos trabalhadores não passava de "o brasileiro". Sete anos volvidos, é reconhecido pelo seu trabalho na recuperação da empresa e passou a ser o Fernando Pinto. Pelo caminho, vendeu uma parte do handling e comprou duas empresas, a brasileira VEM e a PGA. E deu início à renovação da frota, com a compra de novos aviões à Airbus, tendo o primeiro A330-200 aterrado na semana passada na Portela. Foi a bordo do novíssimo aparelho, a mais de trinta mil pés de altitude, que Fernando Pinto confidenciou ao DN que a "reestruturação da TAP foi de facto a sua maior realização". Há sete anos, "tínhamos uma empresa que perdia 120 milhões de euros". Na altura, a maior preocupação "era sobreviver", hoje estamos com outra preocupação: "Sermos competitivos."

A TAP está a passar por uma fase de afirmação e a vinda dos novos aviões "traz credibilidade à empresa". A compra dos A330-200 "é um projecto novo", assumindo a liderança do projecto de renovação da frota. Desde que chegou à TAP já recebeu aviões A321 e A320, mas o projecto vinha dos antecessores, não era seu. Já os aviões que estão a ser montados em Toulouse têm o seu cunho. Fernando Pinto faz questão de participar nas várias etapas do projecto e cita os interiores como uma área em que participou activamente. "Em tudo o que diga respeito ao conforto dos passageiros faço questão de participar."

Fernando Pinto passou pela Rio Sul e depois pela Varig, onde esteve cerca de 20 anos, dos quais os últimos três como presidente, tendo sido afastado pelos accionistas, que anos mais tarde pediam o seu apoio para recuperar a empresa. Do passado, lembra com carinho a recuperação iniciada na Rio Sul, que em três anos passou a ser rentável e com aviões novos. Da Varig recorda um projecto em que se envolveu no início da carreira - o banco de ensaios dos motores, na área da manutenção, e que mais tarde esteve na origem da VEM, que a TAP comprou há cerca de três anos e cujo processo de recuperação já está a dar resultados. O mesmo não se passou com a Varig. Mas a TAP é agora a sua maior preocupação. "A vida é feita de sonhos e de realizações", e a entrega do primeiro de um lote de cinco aparelhos A330-200, na fábrica da Airbus, em Toulouse, deixou-o cheio de "orgulho". A TAP foi a empresa a que dedicou mais tempo. O principal desafio que enfrentou "não foi só a mudança de país, mas de cultura". A companhia "tinha muitas ligações políticas e os sindicatos estavam muito activos". Nessa altura, conta, "não podíamos imaginar momentos como o de receber um avião directamente da fábrica e pago com dinheiro próprio". Toda a empresa "tem de estar orgulhosa". Sete anos depois, sente-se em casa e é reconhecido pela equipa. Fernando Pinto pediu a dupla nacionalidade e considera-se um português com saudades do Brasil. Afinal, é no Brasil que tem a mãe e os irmãos, e sempre que pode apanha um avião para estar com a família. Mas sempre com a intenção de regressar à sua casa, na Quinta da Beloura, em Sintra, um local que diz "gostar muito". Trabalha em média 10 horas por dia, mas sempre que é possível faz questão de ir voar - é a sua paixão, além da família, a quem dedica todo o tempo que sobra. Aos fins-de-semana, é comum ver Fernando Pinto aos comandos de um aparelho do AeroClube de Portugal ou a fazer voo de planador, em Évora ou em Sintra.|

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